quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Festas

De longe, bem de longe, assisto ao frenesi natalino e aos preparativos para a comilança e o fuzuê do réveillon. Com esforço, até consigo ver algum sentido no ritual destas celebrações, mas meu dia predileto ainda é o 2 de janeiro. Dia em que o gesto de presentear e a alegria deixam (em tese, ao menos) de ser compulsórios, em que se retoma o preparo das refeições simples, porém saborosas. Nada melhor do que voltar à rotina diária, num trabalho em que os limites entre obrigação, estudo e lazer frequentemente se confundem.

O blog entra em férias. Volto no fim de janeiro. Até.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Mistérios (2)



A claustrofobia que acomete os gatos é genética ou produto do meio?

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Essa é pra tocar no rádio (4)

Outro quilombo, de Renato Braz, Atração Fonográfica.

Arrebatador. É o termo que melhor define este álbum de Renato Braz. Vou ao dicionário me certificar do significado da palavra, e encontro lá: “que tem o poder de extasiar, de encantar, que excita ou entusiasma”. Na medida: na etimologia de entusiasmar, está en + theos, ou seja, preenchido por Deus.

Na primeira faixa (que dá nome ao álbum), de Mário Gil e Paulo César Pinheiro, já acontece algo de inexplicável. A experiência me remete ao que senti ao caminhar pela Cidade Velha, em Jerusalém. Sensação que palavra nenhuma tem a capacidade de traduzir.

A faixa 7 (omito o nome e já explico o porquê), bem no meio do disco, oferece uma curiosa experiência ao ouvinte. Se você ler o nome dela antes de ouvi-la, e sobretudo se já teve ou tem alguma forma de engajamento político, muito provavelmente virá à tona, de imediato, uma série de ideias pré-concebidas sobre o que esta música representa, os ideais que defende etc, que acabarão comprometendo a fruição. Se o cedê lhe chegar às mãos, faça a experiência: ouça, simplesmente, o límpido vocalise de Renato, que dialoga com a belíssima linha melódica do clarinete de Nailor Azevedo. Exemplo claro de que a música transcende a política, embora possa funcionar como suporte a essa, conforme o momento histórico (Vandré, Chico Buarque da primeira fase etc).

O clímax do disco é Segue o teu destino, poema de Ricardo Reis (Fernando Pessoa), musicado por Sueli Costa. Aqui, um contraponto radical (e necessário) à quase totalidade das canções românticas de todos os tempos, baseadas em versos como “minha vida não tem sentido sem você”, “preciso de você como a flor precisa de água” e variações em torno disso. Lembrança de que nascemos e morremos sozinhos, e a força maior deriva justamente daí: de nos percebermos como seres integrais. Despertou interesse? Vá ao grande oráculo moderno, o Google; com dois cliques você encontra a letra.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Rá-tim-bum



O blog comemora hoje 4 meses de vida. Uma proeza, para quem achava que a coisa não ia longe. Para celebrar, o som de uma Big Band de primeira.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Mistérios

Por que, nas frases dos repórteres de telejornal (independentemente do canal), as tônicas mudam tanto de lugar (repare, por exemplo, na profusão de proparoxítonas)? Uma neo-prosódia?

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Um diário

Diário do Diabo, de Nicholas D. Satan, transcrito pelo Professor M. J. Weeks (tradução de Paulo Schmidt, Geração Editorial). Fora da seção de livros de arte, há tempos não me deparava com um livro graficamente (cedo ao adjetivo óbvio) tentador. Borda dourada, imitando as bíblias, o charmoso fio vermelho como marcador de páginas, folhas amareladas simulando material antigo. Ótimas sacadas do tradutor, ainda que o revisor tenha cochilado aqui ou acolá, deixando no caminho as marcas da sintaxe do inglês.

Um a um, vão sendo mencionados os personagens históricos que tiveram uma mãozinha do Tinhoso: Pilatos, Nero, Átila, Gengis Khan, Torquemada, Marquês de Sade, Al Capone, Hitler, McCarthy, Reagan, Thatcher, Sadam Hussein.

E cadê Osama? É quase inacreditável, mas a referência ao vilão número 1 dos EUA está perdida num apontamento de outubro de 1996 e, num diário repleto de datas, o 11/9/2001 é simplesmente ignorado. Censura? Autocensura? Medo de retaliações da comunidade islâmica?

Fato também curioso, na edição brasileira: na quarta capa, no selo onde está o código de barras, o logo da editora e, acima dele, a inscrição: “Humor”. Sintomático, por escancarar o semianalfabetismo avassalador que nos rodeia. É isso que faz com que João Ubaldo Ribeiro, por exemplo, tenha de avisar, em sua coluna no jornal, o momento em que usará a ironia.

Diário é um livro que se lê com prazer. Não me arrancou uma mísera gargalhada, mas tem lá seus momentos de humor inteligente. Um único cuidado a ser tomado: ao ler no ônibus, não escancarar a capa ao olhar vizinho. Os fundamentalistas estão por toda a parte.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

O caos rural

Estava prestes a falar de outras amenidades, mas o assunto se impõe. Rodovia alagada, poste que cai no meio da estrada de terra bloqueando o caminho e trazendo consigo o apagão. É a Eletropaulo estimulando o romantismo dos casais, todos à luz de vela.

A melhor das cenas, disparado, foi quando, diante do poste que lhe atravancava a rotina, o rapaz vai ao carro e volta com um macaco (a ferramenta, não o símio). Coloca-o sob o poste e começa a girar a manivela. Teve até torcida para o moço, mas não rolou.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Prêmio para tradutores iniciantes

Estão abertas até dia 31 de janeiro as inscrições para o Prêmio Novos Tradutores 2010, promovido pela Universidade Gama Filho e o Instituto de Línguas Miguel de Cervantes. A premiação é voltada a alunos formandos em Letras e graduados que tenham proficiência em línguas inglesa, espanhola e italiana, e que não tenham nenhuma tradução publicada. A melhor tradução de cada idioma, escolhida por um júri, receberá como prêmio uma bolsa de estudos na Espanha, nos Estados Unidos ou Itália. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas no site www.ugfpos.com.br. Mais informações pelos tels. (21) 3442-0754 e 3442-0756.

Ao meu lado, o cético lê o anúncio e franze as sobrancelhas: “Mas não faz sentido, isso. Quem é que faz uma tradução sem que uma editora tenha encomendado?” Você está falando com o próprio, respondi. Aconteceu há alguns anos: me apaixonei por um livro, contatei seu autor (na Inglaterra) pra pedir o seu ok, traduzi, e fui à caça de um editor interessado. O resultado de meu longo périplo (que teve final feliz), contarei qualquer dia desses. Tenho certeza de que, em alguma parte do patropi, tem mais gente que fez maluquice semelhante. Divulgo, portanto, acreditando que tem tradutor de talento por aí, e ainda desconhecido, seja em faculdades de Letras ou onde for. Repassem a notícia, se puderem. Pelas regras do jogo, este prêmio não é para o meu bico, mas torço para que sirva de estímulo para outros prêmios e concursos.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Em obras

Mudanças radicais na casa. Passou um design de interiores por aqui, como veem. Bem, para começar, cansei do chavão que dava nome ao blog, ainda que ele “abra porta grande”. Nada fácil, batizar rebentos.

Foi-se o nome, mas fica em seu lugar uma imagem que, contrariando a afirmação de Comandante Inácio, tem sim sua eloquência.

Aos poucos, o designer (eu mesmo, aliás) vai dando outros retoques. Dia desses, a estreia da musiquinha de fundo (com a gentil assessoria técnica da Beatriz Antunes, valeu Bia!). Após uma peleja que nem vos conto, finalmente levei imagens ao ar (coisa que qualquer adolescente faz com um pé nas costas). Deu na veneta, então, listar os blogs prediletos, eliminando os links do lado direito (estava parecendo trabalho de eletricista amador, que deixa toda a fiação exposta). Ô, troço confuso. Mas, como já disse alguém, Wim Wenders e aprendenders.

Bem-vindos, portanto. Temos canjebrina, vinho, brejas...

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Jogo dos erros






1. Pela lei antifumo, com piteira pode, é isso?
2. Livro no colo, só nas bandas de cá. Nunca antes na história deste país...

Essa é pra tocar no rádio (3)

Die Motetten / The Motets, de Johann Sebastian Bach. CD duplo, com o Gächinger Kantorei Stuttgart e o Bach-Collegium Stuttgart. Regência de Helmuth Rilling.

Dez motetos de Bach. No moteto BWW 225, Singet dem Hernn ein neues Lied [Cantai ao Senhor um canto novo], dois coros dialogam. Oito linhas melódicas formam uma massa sonora impressionante.

Há 23 anos, tive a bênção de poder cantar essa peça, regido por Helena Starzynski, no Coralusp. Coloco-a para tocar quando quero sentir mais perto a presença de Deus.