domingo, 31 de janeiro de 2010

O mala ilustrado

Ele serve de cicerone à amiga francesa. Descem a Consolação de ônibus.
– Cemitério grande, n'est-ce pas?
– Cemitério da Consolação. Um dos mais tradicionais da cidade. Aqui estão enterrados Monteiro Lobato, Mário e Oswald de Andrade, entre muitos outros. O Mário e o Oswald, você conhece, não? Ah, estão aqui também...
Cinco minutos depois, a moça ainda ouve a história do cemitério. Olhar perdido, como se divagasse. Súbito, solta:
– CAIO...?
– Isso. Caio Prado. Rua batizada para homenagear este intelectual, que foi escritor, historiador e geógrafo. Publicou um livro sobre Lévi-Strauss, livraaaaço! Você leu?
A moça aponta o dedo para o painel frontal do ônibus, onde está, em letras garrafais: CAIO. Intrigada:
– Esse Caiô, aqui?

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Avatar

Pra quem não dava um real furado para o filme, ele até que me surpreendeu. Nada como entrar na sala escura sem ter lido um “a”. Claro que, ao sair dela, fui fuçar o que tinham escrito a respeito. E como teve gente que chiou, benzadeus. É quase unânime, entre os resenhistas, a exigência de fidelidade aos fatos e à vida real. Claro que há passagens inengolíveis no filme. Mas, que diabos, essa moçada para quem no cinema só há lugar para papo-cabeça me cansa (lembrados do Espaço Unibancool?). Uns absurdos de quando em quando, regados ao velho maniqueísmo dos ianques, só pra acompanhar a pipoca, por que não? Os bonzinhos de olhos amendoados de um lado, os mauzinhos de olhos puxados do outro, simples assim. Está longe de figurar entre meus favoritos, mas taí uma belíssima Sessão da Tarde. Em tempo: sim, a brincadeirinha fica melhor em 3D.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Voltando

“Quando é que você tira férias?”, me perguntou o mano, dia desses. Pergunta difícil: são várias micro-férias, acontecendo ao longo do ano. De modo que não paro. Tampouco me aproximo dos limites. Entra e sai mês, e as ofertas de trabalho vão caindo no colo; sabe-se lá o porquê (tenho hipóteses), raramente acumulam. E assim toco, ao saber do vento. Aliás, bateu um vendaval no início de janeiro, mas o ritmo da roça já começa a se impor.