quarta-feira, 31 de março de 2010

Drops

Posts podem ser premonitórios. Foi o caso do último aí embaixo. Sei não, é bom redobrar o cuidado. Dito isso, vamos aos drops.

a. Excelente artigo de Pedro Alexandre Sanches, sobre gostos musicais e os preconceitos, coloca em relevo o apartheid social em nosso país. Na revista da Livraria Cultura, disponível online. Também gratuitamente, nas lojas.
b. Ana Maria Machado terá sua obra completa editada pela Nova Aguilar (famosa por suas edições luxuosas, de papel bíblia), nos moldes de Drummond, Pessoa, Mário Quintana etc. Um sinal de que os rótulos – literatura infanto-juvenil, feminina, gay e outras tolices – têm seus dias contados?
c. Assisto a Como treinar o seu dragão, uma ótima Sessão da Tarde na telona. Em certas sequências, fecho os olhos e me concentro na trilha sonora. Impressionante, a semelhança desta com a de Avatar e vários outros filmes de ação. Sensação de que as teclas Control-C & Control-V foram descaradamente usadas na edição de som.
d. Fato inédito em minha vida de leitor: em várias passagens do livro Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios, de Marçal Aquino (Companhia das Letras, 2005), me pego relendo e ralentando o ritmo, buscando prolongar o contato com a narrativa e com as palavras - o que se deu com ainda maior intensidade nas últimas vinte páginas. Experiência impagável, que nunca havia imaginado: a leitura tântrica.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Santa conexão, Batman!



No que diz respeito às tecnologias do mundo contemporâneo, o lugar em que moramos é uma espécie de bat-caverna (na verdade, a imagem não é a mais apropriada: lá, o telefone tocava). Num dia, o modem da internet não dá sinal; noutro, é o fone fixo que está mudo; no seguinte, o sinal do celular (ou ainda a luz) é que desaparece. E assim vai, em sistema de rodízio. Diante disso, o cidadão habituado à metrópole escolhe: entre um esperneio e outro, vive um clima de eterna nostalgia, ou então aprende a ler os sinais por trás disso tudo. Eu disse sinais? Metafóricos, bien entendu.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Bernard Shaw revisitado

"Um jornal é um instrumento incapaz de discernir entre uma queda de bicicleta e o colapso da civilização" (George Bernard Shaw).

1. (Portal Terra). Pesquisa derruba mitos: homem diz “eu te amo” primeiro.
2. (Terra). Mulheres gostam de ser beijadas no pescoço, diz especialista.
3. (BBC Brasil) Feira na Suíça traz relógio feito com fezes de dinossauro.
4. (Terra) Aos 101 anos, chinesa desenvolve “chifre” na testa.
5. (Terra) Mulheres fazem sexo três vezes mais do que nos anos 1960.
6. (Folha de S.Paulo) Médico late para mulher em posto no interior de SP, diz paciente.

quarta-feira, 24 de março de 2010

Carmen

O relato de Ruy Castro conduz o leitor por uma longa viagem entre 1909 e 1955. Inicia na Lapa do Rio, passa por Nova York, Hollywood, boa parte dos EUA e vários países da Europa. A trajetória e o estrondoso sucesso de Carmen Miranda são descritos em linguagem fluente e elegante, num trabalho que impressiona pela riqueza de detalhes.

Em Carmen – uma biografia (Companhia das Letras, 2005) chamam a atenção, entre outros aspectos:

1) Seu sucesso quase que imediato nos EUA e a facilidade com que ela abriu caminhos neste país, em contraste com o desprezo absoluto da crítica e imprensa brasileiras diante de tais conquistas;
2) Sua independência e assertividade, prescindindo de agentes ou empresários durante boa parte da carreira, decidindo tudo sozinha;
3) O completo desapego de Carmen em relação ao dinheiro (ganhou os tubos) e aos bens materiais, de par com sua extrema generosidade, presenteando e ajudando tanta gente ao redor – e não apenas de sua família;
4) O modo como foi estereotipada por Hollywood (jamais teve um papel sério no cinema), como a latina caricata e de pouca inteligência, a cujas falas eram atribuídos erros gramaticais primários – ainda que ela, após alguns anos no país, já falasse muito bem o inglês. Para os americanos, Carmen sempre foi uma comediante;
5) Sua submissão à extrema limitação de repertório em shows nos EUA (Aloysio de Oliveira, do Bando da Lua, grupo que a acompanhava, estima que “Mamãe eu quero” foi cantada por Carmen cerca de 4.000 vezes, em cerca de dez anos);
6) O contraste entre a bem-sucedida carreira e sua obsessão por casar e ser mãe (e o fiasco que resultou destas duas experiências);
7) Sua firme determinação em alimentar o processo de autodestruição, que teve início logo após sua chegada aos EUA; para poder enfrentar a maratona de compromissos (os inúmeros shows, somados à carreira em Hollywood), passou a depender, cada vez mais, de anfetaminas e barbitúricos.

Este último aspecto é o foco de grande parte da biografia. Permanece a dúvida sobre o porquê de Carmen, que irradiava alegria, ter optado pelo autoboicote: o que leva, por exemplo, uma artista de 41 anos, que já ganhara rios de dinheiro, a topar participar de uma maratona de 43 shows em 43 cidades diferentes, em 43 dias? A grana (100 mil dólares, neste caso)? Não faz sentido: ela faturou muito mais do que isso, e os convites simplesmente não paravam.

Uma pequena estranheza: embora o “impulso de morte” de Carmen tenha sido colocado em evidência, são tantas as virtudes da biografada, que é inevitável, ao final da leitura, a sensação de que aqui foi narrada a vida de uma fortíssima candidata à canonização.

Isso talvez se deva a uma extrema empatia e identificação: é interessante perceber como o estilo de Ruy Castro vai, aos poucos e sutilmente, se mesclando ao da personalidade sobre a qual escreve (isso já acontecera na biografia de Nelson Rodrigues e, em menor medida, na de Garrincha): disso resulta, neste livro, a linguagem cheia de bossa, bem-humorada e sem qualquer afetação, tão característica de Carmen.

terça-feira, 23 de março de 2010

Convite


Um programa imperdível em Sampa, neste sábado. Bela dica do Fernando.

Evolução

segunda-feira, 22 de março de 2010

Ortographia

Aqueles que se escandalizam com os erros de ortografia cometidos pelo aluno de hoje (e com sua incapacidade de usar a crase) bem que poderiam dar uma passada d’olhos em textos como este abaixo (fonte: Carmen, de Ruy Castro), redigido outro dia mesmo. Isso talvez atenuaria seu horror.

***

Carmen Miranda e o Bando da Lua alcançam exito extraordinario nos theatros dos EE.UU.

Oito vezes chamados á scena!

Nova York – A estréa de Carmen Miranda e o Bando da Lua, na revista “Streets of Paris”, no Theatro de Le Schubert, em Boston, constituiu um exito quasi sem precedentes aqui.
A apresentação dos artistas brasileiros estava marcada para o segundo acto. Durante os ensaios, entretanto, agradaram de tal fórma, que foi feita uma modificação na peça. E elles passaram do segundo para a “apotheose” do primeiro acto! E o successo foi tão grande, que 8 vezes, voltaram á scena, chamados pelos applausos da assistencia.

Carmen Miranda falando inglez

Entre os novos numeros de Carmen Miranda e o Bando da Lua que estão cantando nos Estados Unidos, figura uma rumba americana – South American Way. A estrella brasileira canta em hespanhol. Mas diz, em inglez, trez palavras apenas. (conclue na 2ª pág.).

Fac-símile de O Globo, 9 de junho de 1939.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Palíndromos (2.2)

Num encontro de empresários e industriais, n’algum canto de Portugal, um gajo expressa sua preocupação com o descontentamento da malta:

A PATULÉIA VAI E LUTA, PÁ!

Obs.: Segundo recente artigo na revista Língua Portuguesa, o povo luso, de um modo geral, ainda ignora solenemente o (des)acordo ortográfico. Acentos aqui colocados em homenagem a eles, pois.

quarta-feira, 17 de março de 2010

Deixa de ser autista, meu!

A frase, dita por um guri de 13 anos a outro da mesma idade (que decidira jogar Nintendo, sozinho), cá na varanda de casa, ainda ecoa na memória. Ela sintetiza tudo o que me dá vontade de dizer, em inúmeras situações cotidianas.

Cena corriqueira e já banal é a conversa em que não se escuta: o sujeito ouve seletivamente, registra apenas o que lhe interessa para usar como gancho no comentário que fará a seguir. Pergunta, mas está se lixando para a resposta. Está, sim, de olho na primeira brecha, que lhe permitirá desfilar uma sucessão de “eu isso, eu aquilo, eu aquiloutro”. Sinal visível: o olhar perdido, que não se fixa no outro. Próprio de quem devaneia.

O autismo a que se referia o guri – que empregou brilhantemente o termo, no sentido figurado – tem causas diversas: a) a pessoa se encanta com a própria voz, ou com a própria erudição (termo que decerto tem parentesco com eructação, ou seja, o arroto); b) didatismo excessivo: ela descobriu algo – um livro, um filme, um autor, a lista é infinita –, que deve, em seu entender, ser revelado ao mundo, pouco importando se o mundo está interessado em tais descobertas; c) desvio causado pela ocupação (determinadas profissões geram a carência de holofotes constantes); d) insegurança na estratosfera e/ou autoestima no subsolo; e) mero desinteresse pelo que se passa ao redor. Etc.

Fazendo referência à blogosfera, numa entrevista, Sérgio Augusto usou uma feliz expressão: neste universo predomina, segundo ele, uma “grafomania ególatra e onfalocêntrica (ônfalo é umbigo, em grego)”. Quem dera esse gravitar em torno do umbigo estivesse limitado ao mundo virtual.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Túnel do tempo (final)

Dia desses, desenterrei alguns cedês. Fui catapultado para a infância e a adolescência, época em que a música entra naturalmente pelos poros.

Lá pelo final dos anos teen, os filtros da razão começaram a exercer sua tirania. Um professor de inglês, no cursinho, diante de uma letra do Elton John, decretou: “Pessoal, essa letra não diz naaaaaaaaaaada!”. O inglês deixava, então, de ser um bloco de sons indecifráveis, frases e textos começavam a fazer sentido. Foi a conta: em minha percepção musical, o mundo passou a ser dividido entre o papo-cabeça e o kitsch. Entre a chamada música séria e a descartável.

Mas minha trajetória sinuosa foi trazendo outras experiências, tudo para embaralhar as coisas: quando trabalhei numa discoteca em Eilat (Israel), pedi ao DJ que me gravasse uma fita cassete, com minhas canções prediletas em hebraico, dentre aquelas que ele tocava noite após noite. Ouço a fita até hoje, curto muito. E o que entendo de hebraico, além dos números e de meia dúzia de frases úteis que compõem o kit de sobrevivência? Xongas.

Eu já começara a me reconciliar com meu passado musical, quando li uma declaração de uma artista por quem tenho grande admiração, Rita Ribeiro: “Elton John é um dos maiores melodistas do mundo”.

O açúcar de certas letras de música pode estar esparramado a ponto de provocar a náusea. Fato é que a apreciação da música popular vai muito além de uma experiência cerebral. Ainda bem.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Humor involuntário

Deu na Folha de ontem.

Escritora fará performance de uma semana

Para lançar seu romance "Gonzos e Parafusos" (ed. Leya), a escritora Paula Parisot fará uma performance na Livraria da Vila (r. Fradique Coutinho, 915; tel. 3814-5811).
Ela entrará hoje pela manhã em um espaço – que representa o último capítulo de seu livro – e só sairá na noite do dia 17.
Durante uma semana, Paula vai escrever e desenhar. E será alimentada por amigos e familiares. Ao final, haverá uma noite de autógrafos.

***

Estava levando ao ar o post acima, quando deparei com a notícia da morte de Glauco. Foi a sincronicidade mais triste que já presenciei.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Ecos

Santos 10 x 0 Naviraiense, ontem, pela Copa do Brasil. O Peixe dá a Zanin a resposta apropriada, e traz ecos do passado, anos 1950.

“... o Santos tinha superioridade no marcador, dois jogadores a mais e deixou um Corinthians valente quase empatar o jogo. (...) Você respeita um adversário quando faz nele o máximo de gols que puder”. (Luiz Zanin, Estado de S. Paulo, 02/03/10).

“O escore progressivo não amorteceu o apetite do rubro-negro, não o sanou. Pelo contrário: ele queria mais, sempre mais (...) Eis o que caracteriza a goleada dos doze gols [referência ao jogo Flamengo 12 x 2 São Cristóvão, na semana anterior, no Maracanã]: ela não teve nenhum traço humorístico. O Flamengo jogou sério, de cara amarrada, do primeiro ao último segundo. Em momento nenhum quis achincalhar o adversário. Só fez doze porque não pôde enfiar quinze ou trinta”. (Nelson Rodrigues, crônica de 3/11/1956 na Manchete Esportiva, em A pátria em chuteiras, Companhia das Letras.)

quarta-feira, 10 de março de 2010

O Oscar e a culpa

Artigo de João Pereira Coutinho, na Folha de ontem, intitulado “A culpa em 3D”, faz mui boa síntese de Avatar: uma história em que o imperialismo e a cultura branca, ocidental e judaico-cristã tentam lidar com seus demônios.

Culpa: foi a primeira associação que fiz, ao saber que Guerra ao Terror levou mais estatuetas que o filme de Cameron (Avatar como melhor filme? Teria sido a xepa da feira da Academia). Se não parece fazer sentido, vejamos: há pouco, os americanos colocaram um negro na presidência. Desta vez, dão a uma mulher, Kathryn Bygelow, os principais prêmios na entrega do Oscar. Culpa histórica diante dos oprimidos e das “minorias”, que os ianques agora têm necessidade de expiar - aliás, o próprio Avatar tem como herói um deficiente físico. É tempo de pedir perdão, e ficar bem na fita da História. Se nem o Papa escapou da contrição, por que Hollywood escaparia?

terça-feira, 9 de março de 2010

Essa é pra tocar no rádio (5)




Fake Standards, de Rodrigo Rodrigues. Dubas Brasil, 2007.

Rodrigo integrou, ao lado de Mário Manga e Fábio Tagliaferri, o grupo Música Ligeira, que lançou dois cedês, duas preciosidades com uma grande variedade de repertório (Paulinho da Viola, Cartola, Beatles, Paul Simon etc, no primeiro; Irving Berlin, Inácio Zatz, The Who, Stevie Wonder, mais Beatles etc, no segundo). Além dos vocais, tocava violão, pandeiro e gaita. É de lamentar que genialidade e longevidade não resultem em boa rima: em 2005, Rodrigo nos deixou, vítima de leucemia.

Regravações, na maior parte das vezes, revelam certa preguiça musical. Pois é justamente o que não acontecia no Música Ligeira. Prova disso são os arranjos de You’re Going to Lose that Girl (Beatles), Qui nem Jiló (H. Teixeira/Luiz Gonzaga) e A Banda (Chico Buarque). Esta última virou um... rap. Recriações radicais, nos moldes da já clássica versão de Joe Cocker para With a Little Help from my Friends, ou da transformação que Itamar Assumpção operou nas canções de Ataulfo Alves (não há um samba sequer, nos dois cedês – Ataulfo Alves por Itamar Assumpção – Pra sempre agora, Paradoxx, 1996). Demonstração de profundo respeito ao ouvinte, já farto de versões requentadas.

Fake Standards pode ser tudo, menos fake. Recria clássicos da canção americana, como Let’s Face the Music and Dance, My Funny Valentine e Cry me a River. Impressionam a simplicidade, delicadeza e refinamento dos arranjos. O ponto alto do disco é Isn’t this a Lovely Day (Irving Berlin), em que Rodrigo faz um dueto de arrepiar com Marcia Lopes.

A melhor síntese de Rodrigo é a frase de Zuza Homem de Mello: “O Rodrigo, então, quando canta, toca a alma da gente”.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Nas entrelinhas

Há situações em que autores surpreendem pela eloquência daquilo que justamente não dizem de modo explícito. Mera curiosidade: o relato é de fatos ocorridos em 1939. Carmen Miranda tinha 30 anos.

“Carmen estava exagerando a distância social entre eles. Na sua condição de a maior estrela do show business nacional, já não precisava rebaixar-se para ninguém. Mas sabia que o casamento com Carlos Alberto exigiria seu imediato afastamento dos microfones. (Óbvio. Que casamento é esse em que o marido fica em casa dormindo, enquanto sua mulher sai toda noite às três da manhã para dar um show no cassino?) (...)

E raras foram as vezes em que ele assistira a ela no cassino ou na rádio. Era como se, para Carlos Alberto, fosse insuportável vê-la no ambiente em que era a deusa”.

Carmen, de Ruy Castro, Companhia das Letras (os grifos são meus).

quinta-feira, 4 de março de 2010

Vários

O post de hoje já estava engatilhado quando recebo o email de uma leitora. Assunto: blog sem comentários. São as sincs, a todo vapor.

1. Num longo post, eu falava do porquê de a caixa de comentários permanecer fechada, tal e cousa e lousa. Foi quando resolvi reler. O texto simplesmente não resistiu ao teste do tempo. Parecia o discurso daqueles pais que, diante de uma simples pergunta do filho, dão uma palestra de 45 minutos. Mais ou menos o que a escola faz, num período de onze anos, respondendo as perguntas que ninguém fez.

2. Dia desses, o The Guardian pediu a escritores que formulassem regras para quem deseja escrever. Ficção, sobretudo. Me chamou a atenção o que foi recomendado por Elmore Leonard: evitar falar do tempo, prólogos, descrições detalhadas de lugares e coisas, não usar termos como “de repente”, manter os pontos de exclamação sob controle (mui boa, essa) e por aí vai. Uma de minhas prediletas: não usar outro verbo além de “dizer”, em diálogos. Deveria figurar em manuais de redação em jornais e revistas. Na ânsia de encontrar alternativas ao verbo dizer, a criatividade vai longe. A quantidade de entrevistados que “disparam”, por exemplo, não está no gibi.

3. De pato para ganso: pelas folhas, fico sabendo que, para referir-se aos gays e lésbicas, GLS já é um termo ultrapassado. LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transsexuais) é, agora, o ó. Fuçando, descubro na rede, um manual de comunicação preparado pela ABGLT, a associação deles. Sugerem, lá, a substituição das expressões:

a. “moleques” por “crianças e adolescentes” (na festa junina, como ficará o pé-de-moleque?)
b. “o” travesti, por “a” travesti.
c. “opção sexual” por “orientação sexual”.
d. “homossexualismo”, por “homossexualidade”. Segundo eles, o sufixo “ismo” indica uma doença. (Nos termos “socialismo” e “marxismo”, também?)
e. “programa de índio” por “índios que povoavam o Brasil antes de nós” (hein?).
f. “negro safado” por “negro que dá orgulho ao Brasil” (!?).

O leitor deve achar que invento, sobretudo as duas últimas. Palavra de ex-lobinho que não.

quarta-feira, 3 de março de 2010

Também não gosto de plágio

Denise Bottmann, colega tradutora, vem fazendo há algum tempo um belíssimo trabalho de denunciar práticas de plágio por editoras. Foi uma das líderes de uma importante mobilização junto à imprensa e à mídia em geral, a fim de que a menção ao nome do tradutor sempre apareça nos livros. Muito já se conquistou, nesse sentido, embora essa prática ainda seja solenemente ignorada por inúmeras revistas, em suas resenhas.
Nesse momento, está sendo processada pela Editora Landmark, que solicitou judicialmente que seu blog, o Não gosto de plágio, seja retirado do ar. Decorrência da denúncia feita sobre o plágio de Persuasão, de Jane Austen. Os detalhes do imbroglio, e muitos outros casos cabeludos (envolvendo as editoras Martin Claret e a Nova Cultural, por exemplo), você encontra em seu blog. E, aqui, um abaixo-assinado redigido por alguns dos principais tradutores do país, e que está circulando na internet. O manifesto é endereçado não somente aos tradutores, mas aos meios de comunicação, editores e interessados em direitos autorais. Confira e divulgue.

O risco que nos espreita



(Tirinha de André Dahmer)