quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Provocação ao leitor voraz

“Enquanto lemos, nossa cabeça, na realidade, não passa de uma arena dos pensamentos alheios. E quando estes se vão, o que resta? Essa é a razão pela qual quem lê muito e durante quase o dia inteiro, mas repousa nos intervalos, passando o tempo sem pensar, pouco a pouco perde a capacidade de pensar por si mesmo – como alguém que sempre cavalga e acaba por desaprender a caminhar. Tal é a situação de muitos eruditos: à força de ler, estupidificaram-se. (...) Do mesmo modo como uma alimentação excessiva causa indigestão e, consequentemente, prejudica o corpo inteiro, pode-se também sobrecarregar e sufocar o espírito com uma alimentação mental excessiva. Pois, quanto mais se lê, menos vestígios deixa no espírito aquilo que se leu”. (Schopenhauer, em Sobre o ofício do escritor, tradução de Luiz Sérgio Repa e Eduardo Brandão, Martins Fontes).

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