segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Tipologia textual

No colo do revisor cai uma quantidade infinita de textos, e das mais variadas procedências. Com a ajuda de colegas, começo a estabelecer uma tipologia deles. Destes, dois tipos já foram comentados cá no blog, de passagem.

Texto Enceradeira. Você lê o primeiro parágrafo. Ao terminar o segundo, chacoalha a cabeça: “Êpa, ele já disse isso”. O mesmo se dá no final do terceiro parágrafo e também na conclusão. Muito comum em alguns textos de autoajuda, em que o autor parece apostar numa espécie de Alzheimer da parte do leitor.

Texto Gelo Seco. Seu estilo é grandiloquente. Salpicado de termos e expressões como “hodiernamente”, “outrossim”, “via de regra”. Com sua erudição de fachada, arranca do leitor incauto um “oh!”. Lido com atenção, se esfarela todo.

Texto Turma da Mônica. Redondo, comportado e esteticamente agradável. Introdução, desenvolvimento e conclusão: está tudo lá, sem qualquer tropeço gramatical. Porém, um texto completamente anódino. Surpresa e ousadia zero.

Texto Trombadinha. Neste caso, o redator tem um tema previamente determinado, sobre o qual tem de dissertar. Esbarra nele, dá um encontrão e sai correndo, para falar de qualquer outra coisa. Por vezes, o tema original pode ser encontrado na primeira, segunda e última linhas. Como recheio do sanduíche, uma longa digressão.

Nenhum comentário: