terça-feira, 22 de junho de 2010

A culpa rende homenagens

Morreu recentemente, e de modo trágico, o escritor Wilson Bueno. Na mídia, uma avalanche de reportagens sobre o autor, nas quais ele passa, de um momento a outro, de praticamente desconhecido e completamente ignorado a escritor influente e de grande importância. As livrarias certamente registrarão o aumento nas vendas de seus títulos, livros que são comprados por uma única motivação: a culpa. Uma vez adquiridos, o sentimento é expiado, e o livro segue para a estante (no máximo, merecerá uma breve folheada), pronto para ser exibido na próxima visita que se receber. Publicada a reportagem e comprado o livro, o editor, o jornalista e o consumidor médio podem tocar tranquilamente a vida, cientes de que cumpriram sua obrigação social.

O mesmo aconteceu com Itamar Assumpção, Elis Regina, Cazuza e dezenas de outros artistas. É a vez de Saramago virar decoração de estantes.

Canção incidental: “...Enquanto você ri no seu conforto, enquanto você me fala entre dentes: poeta bom, meu bem, poeta morto”, "Você só pensa em grana", Zeca Baleiro, álbum Líricas, 2000.

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