segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Eu sou um gato

Esse é o nome do romance de Natsume Soseki (Estação Liberdade, tradução de Jefferson José Teixeira), narrado por um felino. Livraço. Impressionam nele a elegância do estilo e das frases e a ironia fina, que refletem a superioridade do gato sobre o amo e, de tabela, sobre os humanos em geral.

Algumas passagens são demasiadamente longas, mas o prazer em acompanhar a narrativa se mantém. Terminado o livro, percebi que aumentou meu respeito por Valentina, e minha admiração pelo modo como ela concentra a energia, para usá-la nos momentos certos. E por sua intuição: saca perfeita e imediatamente quando a energia das pessoas ao redor é boa ou não: junta-se ao grupo ou recolhe-se, conforme o caso. Soseki (falecido em 1916) teria, contudo, muitíssimo a acrescentar à densidade da personalidade de seu bichano, tivesse conhecido Valentina. Pois, além de refletir tudo o que está narrado na obra, ela também consegue revelar uma malice (derivado do adjetivo mala, bien entendu) singular, exigindo uma dedicação 24 horas, mesmo depois de saciada a fome e dos cafunés todos. Sorte nossa que seu namorado vem visitá-la de quando em quando.

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