segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Pesquisas e a falta de leitura

Dia desses, em seu blog, a Mulher levou ao ar comentários de leitores seus, da “geração que não lê”. Mensagens que contrariam essa ideia. Pois bem. No sábado, saiu uma reportagem do Estadão sobre um novo imposto sobre livros, que está sendo discutido pelo governo. Nela, um box com o título Retrato traz os dados de uma pesquisa, sem menção de fontes. Entre outros:

- 45% dos brasileiros declaram não ter lido nenhum livro nos últimos três meses
- 29% das pessoas que não leram livros no último ano dizem que faltou tempo

Bem, manda o bom senso que se desconfie de pesquisas. Mas ok: aceitemos o resultado dos dados acima, por ora. O duro mesmo é engolir o “faltou tempo”. (Me pergunto, aliás: tal resposta é espontânea ou induzida pelo entrevistador?). Sobra tempo para a TV, para a internet (somos campeões mundiais em tempo gasto na rede, dizem as... pesquisas), para as baladas, o vídeo, mas não para o livro. Ouço também, com frequência: “não leio no ônibus porque me dá tontura/enjoo”. Curioso: no metrô, o chacoalhar é bem menos intenso; ainda assim... quantos estão lendo, no vagão em que você entra...?

Outra justificativa, não mencionada ali, mas muito usada para justificar a falta de leitura: o preço do livro. Sim, seu custo no Brasil é alto, sobretudo na comparação com outros países. Na Inglaterra, por exemplo, é comum achar um bom livro por 7 libras, o equivalente a 3 cafezinhos. Tente comprar um com o valor de 3 cafés. De fato, livro aqui é caro. Mas o argumento não cola. Façamos as contas: quanto sai a despesa de uma noite de balada? Ou um cedê? Uma bolsa, um par de tênis, o celular modernérrimo? E quanto se gasta num livro? Questão de prioridade, né não?

Caberiam outras justificativas para a não-leitura: “Não gosto de ler”, “Ler é entediante, prefiro filmes”, “Isso não me acrescenta em nada”, “Ler não tem utilidade nenhuma”, e por aí vai. Mas e a coragem para admitir uma opinião dessas, diante do entrevistador? A preocupação com a autoimagem (ou em ficar mal na fita, como dizem) ainda é maior.

Pesquisas, autoimagem... dão uma tecelagem pra manga, esses assuntos. Voltarei a eles.

Um comentário:

Unknown disse...

a verdade, luis gê, é que comprar livros é tão bom quanto comprar sapatos. mas lê-los é melhor do que usar os sapatos...