segunda-feira, 10 de maio de 2010

Revisor para o jornal

São filigranas, mas elas me divertem. Já disse Millôr: “Tudo é erro na vida de um revisor”.

Dia desses, o secretário-geral da Fifa fez cobranças ao Brasil, em relação ao cronograma das obras para a Copa-2014. Segundo ele, o país precisa “se mexer”. Suas palavras, na transcrição do jornal:

“Este ano há eleições, para tudo”.

Não é a primeira vez que o (pigarro) acordo ortográfico apronta das suas. Pois até outro dia mesmo, havia uma distinção entre esta frase e a seguinte:

“Este ano há eleições, pára tudo”.

Quando ouvidas, uma e outra, óbvio que fica claro de qual se trata. Porém, estamos diante de um texto escrito. O acento agudo eliminava possíveis ambigüidades (com trema, só de birra).

Um seleto grupo de doutos, motivados por interesses nebulosos, determinou a extinção do acento diferencial entre “para” (preposição) e “pára” (verbo). Pois bem. Agora, numa tradução como a da frase acima, cria-se a necessidade de gastar o latim explicando intenções que na língua original certamente estão cristalinas.

Eu apostaria (algumas fichas, apenas) na existência, por trás do Acordo (novo pigarro), de uma política federal de criação de empregos para revisores. Parte, quiçá, do PAC-2 – A Missão.

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