quinta-feira, 1 de abril de 2010

Summerhill

Meu envolvimento com a experiência de Summerhill começou em 1995, quando li Liberdade sem Medo, de A.S. Neill (tradução de Nair Lacerda, Ed. Ibrasa, 30ª ed.,1994), fundador da escola. Lembro claramente que o forte impacto que tive reverberou em minha experiência de pai estreante, o que ocorreria poucos anos depois. Em 2003, durante estadia na Inglaterra, fui visitar a escola. Foi este o embrião do projeto de tradução do livro pelo qual me apaixonei (já fiz referência a ele, cá no blog), e também da croniqueta abaixo, que levo ao ar em duas partes.

***
– Desculpe, mas o final da fila é ali atrás – diz Martin, aluno de 7 anos.
– Mas eu já estava na fila, só saí um instantinho para... – retruca Ian, professor da escola.
– Se saiu da fila, saiu. Tem que entrar novamente.

Cena que se passa no refeitório, envolvendo Ian, professor de matemática e um aluno de Summerhill, em Leiston, leste da Inglaterra. O caso ocorrera dias antes de minha visita à escola, e é relatado por Ian, que nos ciceroneava. Ao relatar o caso, Ian confessa que pensou:
– Naquele momento, um lado dentro de mim me dizia: “Você é adulto e pode fazer valer seu direito, e usar da autoridade”. Mas... resolvi obedecer e aprendi com o episódio. Assim, respeito os alunos, e também posso exigir respeito quando necessário.
Certa manhã de domingo, Jim transgride as regras da lavanderia, ligando as máquinas de lavar e de secar antes do horário permitido naquele dia. É denunciado por uma colega na assembléia e multado – o sistema de multas é prática comum na escola. Exemplos de multas: um ou dois dias sem a sobremesa; meia hora de trabalho em favor da comunidade no dia seguinte; pagar uma pequena quantia, geralmente 50 centavos ou 1 libra para os fundos que a escola mantém, etc.
No mesmo dia em que vou a Summerhill, há um grupo de adolescentes de uma escola pública, também em visita. Enfado e desinteresse estampados em seus rostos. Jane, a professora do grupo, faz a pergunta clássica a Zoë, diretora de Summerhill e filha do fundador da escola, A.S. Neill:

– Você não acha que a não-obrigatoriedade de presença nas aulas pode criar um problema?
Zoë já respondeu milhares de vezes a essa pergunta, mas não perde a calma:
– Se você quer viver numa democracia, não pode dizer ao outro o que ele deve fazer.

Um comentário:

Anônimo disse...

olá td bem?
eu faço pedagogia e estou fazendo um trabalho sobre a escola de summerhill e li em seu blog que vc visitou a escola.... gostaria de saber se tem como vc me passa algumas informacoes, curiosidades de lá... o custo de se estudar nessa escola...algo assim... se puder me ajudar agradeço!!! meu email é: brunamaluket@yahoo.com.br
Obrigada!!