“Escrever sobre o quê, se aqui não acontece nada?”
Foi a primeira coisa que me veio à mente, quando caçava assunto para o blog, dia desses. Nada como o processo de decantamento, para filtrar certas bobagens. É só apurar os ouvidos e o olhar, que surgem os sinais. Registro alguns deles.
O desabrochar das orquídeas por todo lado. A amoreira dando seus primeiros frutos. Cavalos e vacas que voltam a tomar o café-da-manhã no terreno ao lado. Microfolhas aparecendo na macieira recém-plantada. Os berros da vizinha com seu cão, que crescem na medida inversamente proporcional à disposição dele de obedecer. O sumiço dos suriás, que brincavam junto dos beija-flores. O pica-pau de barriga amarela. A lenta mudança na dieta de Valentina, que agora alterna whiskas com morcegos, besouros e (hélas!) beija-flores. O despertar diário com a passarada e os carneiros do vizinho, que me libertaram da tirania do despertador.
E isso tudo no plano externo (que, no fim das contas, é secundário). Como assim, não acontece nada?
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário