sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Dicionários

Há pouco, foi lançado O pai dos burros – Dicionário de Lugares-Comuns, de Humberto Werneck (Ed. Arquipélago). Nele, uma compilação de frases feitas, clichês e chavões, colecionados pelo autor durante anos. Fui à livraria, seco para comprá-lo, mas ao folheá-lo, ele deixou de ser prioridade. Claro que o livro pode ser útil, como referência. Afinal, é fácil escorregar em palavras e expressões surradas pelo uso.

Mas as comparações são inevitáveis. Apanho na estante uma preciosidade, que achei num sebo: Dicionário do Brasileiro de Bolso – A língua perversa, de Teixeira Coelho (Ed. ARX). Coelho faz uma compilação de palavras e expressões que, fruto de modismos ou para afetar uma falsa erudição, trapaceiam, mascaram a realidade, ou mentem descaradamente. Estão no vocabulário dos economistas, da política, do futebol, do mundo das artes, ou então na boca do povo. Em cada verbete, um comentário do autor. Uma palinha:

CONTUNDIDO

O som é pior que a dor sentida. Considerando o salário que recebem, os atletas e esportistas não podem, como as pessoas comuns, apenas se machucar: eles se contundem.

DE ENCONTRO A

“O contribuinte pode ficar tranqüilo, o governo irá sempre de encontro a seus direitos”. (De um porta-voz).

Sem a menor dúvida. Não precisava dizer.

Nem sempre há confusão com “ao encontro de”, algumas pessoas sabem muito bem de que estão falando.

LEVANTAR UM DADO

Os dados provavelmente estão sempre no chão ou, em todo caso, em algum nível inferior ao daquele que por eles procura, caso contrário seria impossível levantá-los. Os dados não são mais simplesmente obtidos ou conseguidos. Agora tudo é mais difícil. O conhecimento é um poço profundo e o pesquisador, um halterofilista.

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