quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Linguagem publicitária (2)

Na revista Língua Portuguesa desse mês (sinc, sinc), um artigo interessante, intitulado “Os limites da retórica de mercado”. Nele, é mencionada uma campanha publicitária da Parmalat, de 1998, visando à promoção de sua marca de café solúvel. O slogan:

“Um café à altura do leite”.

A seguir, a matéria reproduz a declaração de um acadêmico:

– Dizer que o café está à altura do leite é partir da premissa de discriminação ética, de apresentação alegórica que reforça a crença na superioridade do leite, branco, sobre o café, que se toma por metáfora do negro.

Li, reli e treli o slogan, à procura da discriminação ética e da “involuntária invocação racista” nele contida, segundo o texto. Só me resta, agora, triplicar o cuidado com a escolha de palavras, para evitar expressões e termos como “a situação está preta”, “alvo (como adjetivo; como substantivo, vá lá)”, “negrume da noite” etc. E até mesmo para comprar feijão preto na feira (apontar com o dedo é certamente mais seguro).

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