quinta-feira, 4 de março de 2010

Vários

O post de hoje já estava engatilhado quando recebo o email de uma leitora. Assunto: blog sem comentários. São as sincs, a todo vapor.

1. Num longo post, eu falava do porquê de a caixa de comentários permanecer fechada, tal e cousa e lousa. Foi quando resolvi reler. O texto simplesmente não resistiu ao teste do tempo. Parecia o discurso daqueles pais que, diante de uma simples pergunta do filho, dão uma palestra de 45 minutos. Mais ou menos o que a escola faz, num período de onze anos, respondendo as perguntas que ninguém fez.

2. Dia desses, o The Guardian pediu a escritores que formulassem regras para quem deseja escrever. Ficção, sobretudo. Me chamou a atenção o que foi recomendado por Elmore Leonard: evitar falar do tempo, prólogos, descrições detalhadas de lugares e coisas, não usar termos como “de repente”, manter os pontos de exclamação sob controle (mui boa, essa) e por aí vai. Uma de minhas prediletas: não usar outro verbo além de “dizer”, em diálogos. Deveria figurar em manuais de redação em jornais e revistas. Na ânsia de encontrar alternativas ao verbo dizer, a criatividade vai longe. A quantidade de entrevistados que “disparam”, por exemplo, não está no gibi.

3. De pato para ganso: pelas folhas, fico sabendo que, para referir-se aos gays e lésbicas, GLS já é um termo ultrapassado. LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transsexuais) é, agora, o ó. Fuçando, descubro na rede, um manual de comunicação preparado pela ABGLT, a associação deles. Sugerem, lá, a substituição das expressões:

a. “moleques” por “crianças e adolescentes” (na festa junina, como ficará o pé-de-moleque?)
b. “o” travesti, por “a” travesti.
c. “opção sexual” por “orientação sexual”.
d. “homossexualismo”, por “homossexualidade”. Segundo eles, o sufixo “ismo” indica uma doença. (Nos termos “socialismo” e “marxismo”, também?)
e. “programa de índio” por “índios que povoavam o Brasil antes de nós” (hein?).
f. “negro safado” por “negro que dá orgulho ao Brasil” (!?).

O leitor deve achar que invento, sobretudo as duas últimas. Palavra de ex-lobinho que não.

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