Há situações em que autores surpreendem pela eloquência daquilo que justamente não dizem de modo explícito. Mera curiosidade: o relato é de fatos ocorridos em 1939. Carmen Miranda tinha 30 anos.
“Carmen estava exagerando a distância social entre eles. Na sua condição de a maior estrela do show business nacional, já não precisava rebaixar-se para ninguém. Mas sabia que o casamento com Carlos Alberto exigiria seu imediato afastamento dos microfones. (Óbvio. Que casamento é esse em que o marido fica em casa dormindo, enquanto sua mulher sai toda noite às três da manhã para dar um show no cassino?) (...)
E raras foram as vezes em que ele assistira a ela no cassino ou na rádio. Era como se, para Carlos Alberto, fosse insuportável vê-la no ambiente em que era a deusa”.
Carmen, de Ruy Castro, Companhia das Letras (os grifos são meus).
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