segunda-feira, 26 de julho de 2010

Escola Summerhill, por Matthew Appleton

Transcrevo trechos do livro Uma infância com liberdade - A autorregulação na Escola Summerhill, de Matthew Appleton. Livro pelo qual me apaixonei, e que traduzi. Embora já tenha sido aprovado por uma editora (após a recusa de várias outras), foi colocado na fila, cujo tamanho ignoro. Matthew morou nas dependências de Summerhill durante sete anos, trabalhando como houseparent.


AULAS NÃO-OBRIGATÓRIAS

Sempre me surpreendeu o fato de tantos visitantes desejarem assistir a aulas. Nunca consegui entender qual o atrativo nisso. A singularidade de Summerhill reside em sua vida comunitária, seu autogoverno e sua liberdade de expressão, e não em suas aulas. Nenhuma metodologia de ensino especial é empregada nessa escola. Na verdade, as aulas são freqüentemente dadas de maneira bastante tradicional. Os professores trazem seus estilos próprios e têm a liberdade de ensinar como quiserem — ninguém lhes diz de que forma devem ensinar. Se há quaisquer qualidades em particular que as crianças de Summerhill revelam em seu trabalho feito em classe, não tomei conhecimento. É no aspecto emocional da vida que Summerhill sobressai, e não no acadêmico. A única diferença importante nas aulas dessa escola é o fato de elas não serem compulsórias.

Certa vez, uma inspetora de escolas me perguntou “O que vocês fazem quanto ao problema das crianças que não assistem às aulas?”. “Esse não é um problema”, respondi, “se as crianças não freqüentam as aulas, é porque têm coisas mais importantes a fazer”. Ela não conseguia acompanhar a lógica de meu raciocínio. Não podia conceber que as crianças pudessem ter algo mais importante do que se sentar numa sala de aula o dia inteiro para ter aulas. A idéia de que crianças que não assistissem às aulas pudesse ser qualquer coisa exceto um problema era completamente estranha a ela.

Como as crianças assistem às aulas somente de maneira voluntária, não temos a cábula. A experiência de cabular aulas e a de não ter de assistir a elas são muito diferentes. Aquele que cabula experimenta a liberdade como algo sorrateiro e desafiador. É uma coisa que acontece às costas do mundo adulto e em reação à autoridade por ele imposta. Em Summerhill, as crianças sentem-se aprovadas, freqüentando ou não as aulas. Elas experimentam a liberdade como natural. Isso é direito delas, respeitado pela comunidade à qual elas pertencem. Elas fazem suas próprias escolhas. Receber ordens, sobretudo de uma maneira rude, pareceria estranho a elas. Temer os adultos e ter de viver os prazeres delas escondido deles seria para elas algo impensável. Isso pode não acontecer no momento de sua chegada a Summerhill, mas passa a ser o caso à medida que elas se habituam à vida nessa escola.

(Continua...)

Um comentário:

Gundam disse...

nossa a forma que voçê colocou a definição (pelo que eu entendi) de summerhill foi muito boa!amanhã 13/09/10 tenho um trabalho sobre, e o seu texto foi muito bom para minha compreenção do metodo de ensino da escola , muito obrigado.