quinta-feira, 29 de julho de 2010

Summerhill, por Matthew Appleton (2)

"Tem havido muita discussão na mídia sobre o problema da cábula, mas nada tem sido dito sobre o problema das crianças que passivamente aceitam o regime da sala de aula sem questioná-lo. Nada é dito a esse respeito, pois isso não é visto como um problema. No entanto, basta uma rápida recapitulação na história humana, em especial a do século XX, para nos lembrar que a aceitação passiva e a obediência sem questionamentos prepararam o caminho para males muito maiores do que aqueles causados pelo rebelde ocasional. A educação compulsória produz indivíduos coercíveis, dispostos a permitir que os outros moldem seu destino.

Experiências feitas nos Estados Unidos por Stanley Milgram ilustram o problema com uma clareza assustadora. Voluntários foram convidados a participar de um laboratório de psicologia, no qual lhes pediram que dessem choques elétricos em alguém na sala ao lado. Os voluntários podiam, através de uma janela, ver essa outra pessoa, que estava amarrada a uma cadeira. Disseram-lhes que estava sendo feita uma investigação dos efeitos da punição no aprendizado e que o papel deles era administrar choques elétricos – que iam gradativamente crescendo – a essa pessoa toda vez que ela respondesse incorretamente a uma questão. O que eles não sabiam é que esse outro indivíduo era, na realidade, um ator, e que, de fato, não havia eletricidade nos choques dados.

Eles eram encorajados pela pessoa que conduzia o experimento a aumentar a voltagem, ainda que o ator gritasse e se contorcesse, como se estivesse em agonia, a cada vez que eles faziam isso. Apesar de expressões de grande desconforto da parte de muitos participantes, 65% continuaram a administrar o choque máximo de 450 volts, já que o condutor do experimento lhes dizia que não havia problema em fazê-lo. Isso ocorria a despeito da angústia visível na expressão do ator, e das etiquetas nos interruptores que incluíam o aviso “Perigo: choque violento”. Numa variação sobre esse tema, o ator alertou os participantes para o fato de que ele tinha um leve problema de coração e pediu para ser solto quando a voltagem chegou a 150. Mas, mesmo assim, 26 dos 40 voluntários continuaram a administrar o choque máximo de 450 volts. Ao serem entrevistados na seqüência, a resposta mais repetida era “Eu só estava fazendo o que me mandaram”."

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