sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Volta às aulas

Ao mudar para a roça, ano e meio atrás, saiu de cena o professor, dando lugar ao tradutor, que se alterna com o revisor de textos. Mas o vento sopra noutra direção, e retomei a docência, em tempo parcial. Instantes de apreensão: era forte, a desconfiança de que a capacidade de falar outro idioma estaria coberta por espessa camada de ferrugem.

Não deu outra: no início da aula – eram apenas duas alunas –, me senti o próprio impostor. As palavras e expressões mais básicas pareciam surgir de um vale profundo. De uma língua em que fui fluente numa encarnação recente. Sudorese, a reação do corpo. Muita água, para compensar. E não é que o tormento durou não mais que meia hora? Bastante à vontade, já na segunda metade da aula.

Vá entender os processos da mente.

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